quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

A seca é culpa minha

Eis que eu assisto uma reportagem sobre a seca e a muito venho me esquivando desta temática, pois, sem sombra de dúvidas é o meu pior inimigo e o meu medo maior. Agradeço ao universo por ter sido privilegiada em nascer em uma região muito irrigada, no qual os rios e os céus se abrem em água. Mas, após a reportagem que retratava a questão da imigração, da fuga desesperada pela luta da vida, me fez lembrar uma história contada há exatos 77 anos no qual fomos presenteados com a belíssima obra de Graciliano Ramos, o que me chama atenção é que quando menina há quase trinta anos eu assistia na TV que a seca no nordeste matava, e o nordeste era como um outro país, um outro povo, aqueles que por algum motivo Deus resolveu castigar vai ver porque eles responderam os seus pais, isso me faz lembrar a primeira vez que me confessei a primeira e única quando o único pecado era falar para o senhor padre que eu tinha sido uma má filha, pois, o que uma menina de 9 anos poderia ter feito de tão grave que não entraria no reino dos céus?!


Hoje, porém, seu eu tivesse a oportunidade de me confessar novamente sei claramente que os pecados que me rodam são parte contribuintes dos infelizes que sofrem com a falta d’água afinal eu esbanjei água no banho, na casa, na vida, eu poluí, sou aquela milionária dona de todas as indústrias, e quebrei várias árvores que compõem todo um eco sistema, EU sim na primeira pessoa, pois, sou o ser mais repugnante o responsável por todo desastre natural, por tantos desequilíbrios e extinções, por mortes, faltas e excessos. Eu somente EU, pode soar estranho, mas, enquanto não tomarmos como parte responsável e nos refletir por tudo o que vem acontecendo na natureza, esta, coitada estará cada vez mais condenada a se extinguir, somos o todo que compõe o planeta, somos os únicos capazes de recuperar de trazer a vida novamente no lugar que deu espaço a angústia e consequentemente a morte.

Eu sou você, você será parte de mim amanhã somos RE-produtores de tudo que é bom e mau, não feche os olhos para o que te espanta lembre-se você faz parte de tudo que compõe o equilíbrio, seja a voz, a mão e talvez a única pessoa capaz de fazer o mínimo por um todo. O nordeste que antes ficava lá do outro lado está batendo a porta cabe você deixá-lo ou não entrar. E se tiver dúvidas me faça um favor leia “Vidas Secas” quem sabe você não aprenda a ser uma família retirante, pois, não há ter lugares mais seguros, mas, sim, refúgios temporários, você será apenas mais um sertanejo que foge do seu maior medo sem ter condições de mudar o curso da vida e morrer clamando por um copo d’água.

Texto: Lucimara Fernandes - Fotos: Parque Estadual do Sumidouro Lagoa Santa


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