Eis que eu assisto uma reportagem
sobre a seca e a muito venho me esquivando desta temática, pois, sem sombra de
dúvidas é o meu pior inimigo e o meu medo maior. Agradeço ao universo por ter
sido privilegiada em nascer em uma região muito irrigada, no qual os rios e os
céus se abrem em água. Mas, após a reportagem que retratava a questão da
imigração, da fuga desesperada pela luta da vida, me fez lembrar uma história
contada há exatos 77 anos no qual fomos presenteados com a belíssima obra
de Graciliano Ramos, o que me chama atenção é que quando menina há quase trinta
anos eu assistia na TV que a seca no nordeste matava, e o nordeste era como um
outro país, um outro povo, aqueles que por algum motivo Deus resolveu castigar
vai ver porque eles responderam os seus pais, isso me faz lembrar a primeira vez
que me confessei a primeira e única quando o único pecado era falar para o
senhor padre que eu tinha sido uma má filha, pois, o que uma menina de 9 anos
poderia ter feito de tão grave que não entraria no reino dos céus?!
Hoje, porém, seu eu tivesse a oportunidade de me
confessar novamente sei claramente que os pecados que me rodam são parte
contribuintes dos infelizes que sofrem com a falta d’água afinal eu esbanjei
água no banho, na casa, na vida, eu poluí, sou aquela milionária dona de todas
as indústrias, e quebrei várias árvores que compõem todo um eco sistema, EU sim
na primeira pessoa, pois, sou o ser mais repugnante o responsável por todo
desastre natural, por tantos desequilíbrios e extinções, por mortes, faltas e
excessos. Eu somente EU, pode soar estranho, mas, enquanto não tomarmos como
parte responsável e nos refletir por tudo o que vem acontecendo na natureza,
esta, coitada estará cada vez mais condenada a se extinguir, somos o todo que
compõe o planeta, somos os únicos capazes de recuperar de trazer a vida
novamente no lugar que deu espaço a angústia e consequentemente a morte.
Eu sou você, você será parte de mim amanhã somos RE-produtores
de tudo que é bom e mau, não feche os olhos para o que te espanta lembre-se
você faz parte de tudo que compõe o equilíbrio, seja a voz, a mão e talvez a
única pessoa capaz de fazer o mínimo por um todo. O nordeste que antes ficava
lá do outro lado está batendo a porta cabe você deixá-lo ou não entrar. E se
tiver dúvidas me faça um favor leia “Vidas Secas” quem sabe você não aprenda a
ser uma família retirante, pois, não há ter lugares mais seguros, mas, sim,
refúgios temporários, você será apenas mais um sertanejo que foge do seu maior
medo sem ter condições de mudar o curso da vida e morrer clamando por um copo
d’água.
Texto: Lucimara Fernandes - Fotos: Parque Estadual do Sumidouro Lagoa Santa
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